Tem certos níveis de beleza que deveriam ser proibidos. Alguém terá que um dia fazer um decreto, projeto de lei, ou o que quer que seja para impedir a crueldade aos olhos.
A crueldade que é presenciar tamanha beleza sem tocar, sem poder pegar para si. Possuí-la, não a beleza evidentemente, mas a dona dela.
Falo daquela beleza que dói. Arde os olhos e queremos olhar mais e arder mais. Um sadomasoquismo permitido pelos anjos.
Anjos.
E não é que se me dissessem que era um, eu acreditaria sem hesitar nem por um segundo.
A alfaiataria lunar atendendo um pedido dos meus mais longínquos sonhos. Na medida exata que meus olhos clamam.
Tem beleza que causa covardia. Sim Pô! Covardia de me exigir que não repare nos detalhes do pecado da moderação.
Moderação sim, pois te afirmo sem medo de errar que a beleza que eu vejo não é a beleza que você vê.
Olho agora para a beleza dos detalhes.
É desejo, claro que tem, mas não é desejo. É bem mais que isso.
É como olhar a miséria e o milagre no mesmo corpo. É sagrado e pecaminoso. Criminoso até, pois me sinto bandido, me sinto acusado e acuado.
Eu mesmo puxo minhas orelhas para parar de sonhar tão alto, mas como moleque arteiro eu teimo sempre às escondidas, rabo de olho.
Depois levo no bolso da memória para sonhar em casa.
Tão criminoso que me castigo com pensamentos negativos sentenciado meu fracasso. Esse sou eu, advogado e juiz. O júri vem depois.
Beleza que machuca o ego. Causa constrangimento. Perde o rebolado, esquece-se do destino e você se perguntando que horas são? Que dia é hoje? Alguém sabe me dizer o que eu tô fazendo aqui? Mas é um mimo à alma, confesso, afinal toda alma é bela e ela se reconhece. Pensa que está com uma das suas, mas se aquele é o corpo, o que dirá da alma?
Depois de tanto tempo sentindo isso, mas sem saber como explicar eu criei um termo para descrever a sensação que eu tenho quando vejo “tal coisa” de outra dimensão.
Chamo isso de Chute no Saco. Para as mulheres que nunca vão entender o que é isso, explico que Chute no Saco é uma dor que não parece dor, mas dói “pra cacete”. Uma dor que vai e volta em fração de segundos e se espalha por todo o corpo aguda. Chega a embrulhar o estômago e quando o sujeito começa a aceitar a ideia do vômito ela para e sobe até as orelhas.
Eu disse ORELHAS!
Alguém já sentiu dor nas orelhas? Tome um chute no saco e saberá como é. Pior que por brinco, pior que alargá-las. E assim como quem não quer nada passa a frequentar os dentes, as gengivas, a até a língua sente a irá dos testículos agredidos.
Os joelhos dobram, os ouvidos zumbem, logo as mãos abraçam a vítima e a mantém sobre sua concha protetora.
E tudo isso se passou em alguns segundos e o que ficou foi a depressão do momento.
Mas assim como é melhor ter saco para ser chutando, sem dúvida que é melhor presenciar tanta beleza ao invés de nenhuma.
Bento.
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